domingo, 1 de novembro de 2009

Entrevista: Olivera


Entrevista:
Com a primeira década do novo século chegando ao fim, algumas coisas já podem ser afirmadas com certa tranquilidade. Não dá pra negar que, goste-se ou não dele, Olivera foi o rosto Masculino mais popular e marcante a surgir no pop brasileiro nos anos 00
Desde 2007 o cantor serve especialmente de voz e guia em especial para muitos jovens, mas em particular para um tipo de garoto: aquele que não é nem playboy guardador dos bons costumes mas também passa longe estilo "bagaceiro". Um tipo de garoto que se preocupa em ter estilo, não vê problema em ser vaidoso e que busca sempre a auto-afirmação.
Olivera acabou de lançar Olivera In Remix, seu terceiro álbum de estúdio que em breve ganhará a companhia de um DVD.

Para falar sobre esses e outros assuntos mais, o Paparazzi foi mais uma vez atrás de Olivera para saber o que ele tem a dizer. O resultado está aí embaixo.
Entrevista
Tirando o disco ao vivo esse é o seu primeiro disco em 14 meses. Você tinha planejado dar esse tempo maior entre os discos ou foi algo que fugiu do seu controle?
Não fugiu do meu controle, foi uma opção, uma escolha. Preferi aproveitar a boa onda em que estava com a turnê do DVD e deixar pra gravar quando tivesse mais conteúdo. É terrível essa obrigatoriedade que impõem ao artista de que ele tem que gravar todo ano, mesmo que seja um revival do disco anterior. Pra mim é significativo gravar um disco quando se tem algo relevante a dizer.


Nesse tempo você compôs bastante ou as faixas do Olivera In Remix são mais ou menos recentes? Sobraram canções inéditas dessas sessões?
Escrevi algumas coisas, mas a vida na estrada consome muito tempo e energia. Escrevo mais e melhor nos momentos de tristeza. A maioria das músicas do Olivera In Remix é do sucesso anterior como Olivera In The Zone e Celebrity, outras eu resgatei do meu otimismo. Sobraram algumas, sempre tem coisa escrita e não usada. Um verso, uma melodia, um refil. Se ainda me lembrar deles daqui a um tempo, merecem virar música.
Pra você o que esse disco traz de diferente em relação aos anteriores? O seu estilo do compor ou cantar mudou em alguma coisa?
O jeito de compor, tocar, cantar, pensar, viver é um processo evolutivo e sem volta. Sempre tem algo diferente pra descobrir e aprender. As coisas que escutei, li e acumulei durante esse tempo deram as caras nesse disco, e por isso as diferenças. Descobri o poder da sutileza, da ludicidade, do mistério. Aprendi a rechear as canções com elementos distintos, timbres ainda não usados.


O CD também dá a impressão de que você andou assimilando outras influências no seu som. "1,2,3," parece ter um lance meio Britney Spears. Tem a ver? Tem alguma outra nova influência que foram mais fortes na hora de fazer as novas músicas?
Total Britney spears. “3”, pra ser bem exato, e todas as gravações do 50Cent, com aqueles coros e reverb de mola, bem old school. Nos últimos anos escutei muita coisa que prioriza a textura como Beyoncé , Michael Jackson, Danity Kane, e isso de alguma forma deve ter mexido comigo porque nesse disco não falta textura. E todas as outras coisas que já escutava antes também tem seu lugar; as novas somente se somam as anteriores sem que elas se anulem.


Por falar em 1, 2, 3, ela foi visualizada mais de 120 mil vezes no letras.com no mês passado. Fale um pouco sobre ela pra gente. Você de primeira sacou que ela poderia ser o primeiro hit do álbum?
Não saquei e no primeiro momento nem achei que ela deveria ser a primeira. Não a considero a síntese do disco, e achei que isso poderia confundir. Por outro lado - e isso fez com que me decidisse- não havia uma só pessoa que não a escutasse na pré-produção e não saísse cantarolando a melodia, e todos vinham comentar comigo a respeito da letra. Cheguei a conclusão de que se alguém se limitasse a tirar o disco por uma música, azar o dele, porque as músicas são bem diferentes entre si. E valia o desafio de chegar depois de 14 meses com algo diferente, sendo que o que impera é a mesmice de sempre que ninguém agüenta mais. É preciso coragem, das bandas, dos veículos, do público, do contrário nada se movimenta. E o resultado foi melhor do que eu esperava, tem sido a coisa mais divertida do mundo tocar essa música ao vivo.


O seu caso é curioso, porque você surgiu já na era dos downloads, mas acabou aparecendo para o grande público por meio das mídias mais tradicionais como televisão e rádio. Seria você uma das últimas estrelas "moda antiga" do nosso pop?
Não sei, pode ser. Eu sou old school mesmo, eu divulgava a minha musica enviando CD demo com capinha de xérox para fascines de papel!.


O que você vê de bom e ruim nessa nova ordem onde as bandas surgem e se divulgam bem mais pela net do que pelas vias " tradicionais"?


O bom é a possibilidade democrática de qualquer um chegar ali e montar um site, disponibilizar as músicas, etc. O ruim é o mesmo, salvo as devidas proporções. Do mesmo modo que a internet se tornou um espaço pra quem tem um trabalho bacana, com qualidade, também se tornou o triunfo do amador. Não há critérios. O julgamento fica então, a cargo de quem escuta, gosta ou não.


Você também foi provavelmente a figura masculina que mais impacto causou no nosso Pop nessa década. Você sente que influenciou o estilo de vida ou o visual de seus fãs?
Sinto somente porque eles me contam, ou outras pessoas me chamam a atenção para isso. Não fosse assim e eu acharia tão somente que estava lidando com pessoas que partilham dos mesmos gostos e interesses que eu.


E como é o seu relacionamento com eles? Você curte bater papo com fãs na rua, depois dos shows ou mesmo via blog ou twitter?
Alguns fãs se tornaram verdadeiros amigos. É gente que tem assunto em comum, gosta de ler, admira arte como nós aqui. Já outros gostam do meu som, mas não tem absolutamente nada a ver comigo, e a grande lição foi aprender a lidar com esses também. Dou-me ao direito de dispensar o pouco tempo disponível que tenho as pessoas que me alimentam que são todos eles. A comunicação via Twitter tem sido um trunfo, embora eu não consiga ler todas as mensagens, sei que ali posso falar diretamente com as pessoas.


O Brasil tem uma tradição de cantores, mas os Pop Internacionais são poucos. Você acha que o fato de ser Pop Internacional ajudou ou complicou o deslancha mento da sua carreira?
Acho que foi um diferencial, o fato de ser um Garoto cantar Pop Internacional. Mas não é só isso que conta; volta e meia tentam empurrar goela abaixo a novos cantores e novas bandas do momento e não dá em nada. Tem que ser espontâneo e natural, verdadeiro. Não que não existam, eu conheço muitos cantores que tem banda e que são completamente verdadeiros. Deve ter a ver com o momento também.


Como você imagina a próxima década para você e para o Pop Internacional? Você é de fazer planos em longo prazo?
Não sou de fazer planos em longo prazo, e diante do cenário atual é melhor nem arriscar. O que vejo hoje nos grandes meios de comunicação é bem desestimulador, é uma apatia geral, uma falta de coragem pra se posicionar, um bom-mocismo sacal. Enquanto isso, no submundo, as coisas fervem.


E a nova turnê? Quando ela começa e como ela vai ser?
Ela já começou. Para quem quiser saber das datas é só olhar nossa agenda no www.pitty.com.br
A turnê do The Remix Tour Starring Diego Olivera segue o conceito do disco, com palco, iluminação e até figurino convergindo para esta idéia de dualidade, contraste, de um verdadeiro espetaculo. Tocamos algumas músicas antigas também, mas priorizamos as músicas novas.


Pra encerrar, o que você anda ouvindo, lendo e assistindo?
Tô numa correria enorme tem sobrado pouco tempo para isso, mas vamos lá: ouvindo o disco novo da Kylie Minogue que é um absurdo de bom; lendo Quando é Chegada a Hora de Zibia Gaspareto e assistindo nada.

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