terça-feira, 30 de junho de 2009

Ele foi maior que os seus escândalos

A genialidade e a mente perturbada que tornaram o garoto cantor um dos maiores ícones da música contemporânea
Quando Michael Jackson foi ungido o "Rei do Pop", cerca de duas décadas atrás, houve um considerável barulho sobre seu excesso de confiança: sim, ele pode se tornar uma sensação mundial com o recorde de vendas de "Thriller" e, sim, ele pode conseguir uma se quência de hits no topo das paradas com sucessos como "Billie Jean" e "Beat It". Mas aí a se tornar o rei de toda a música pop?Certamente, numa história da música moderna que nos deu Elvis Presley, Beatles, Stevie Wonder e tantos outros grandes artistas, aquele título era mais do que um pouco inflado. Mas Jackson entendia seu significado.Se sua dança de movimentos rápidos e sua voz sensual aguda influenciaram gerações de músicos, Michael Jackson significou muito mais do que a grandeza do pop – ou a bizarrice da imprensa sensacionalista.No auge da fama, ele estava dentre as figuras mundiais mais amadas. Chefes de Estado clamavam para se encontrar com ele, lendas do cinema como Elizabeth Taylor estavam entre suas amigas mas próximas e, em todo mundo, de Los Angeles ao Laos, a simples menção de seu nome fazia com que as pessoas dessem os passos do "moonwalk". O jornal "The New York Times" uma vez o descreveu como uma das seis pessoas mais famosas do mundo.Ele influenciou artistas de Justin Timberlake a Madonna, do rock, pop, rhythm’n’blues e até mesmo do rap, cruzando gêneros e grupos que nenhum outro artista foi capaz de unir. Ele mudou os vídeos musicais com "Thriller" em 1983, ainda considerado por muitos como o melhor videoclipe já realizado. Estrelas como Beyoncé continuam a imitar seus movimentos.Sua luva, meias brancas e jaquetas brilhantes fizeram dele um lançador de tendências de moda, tornando a androginia (com jeito masculino e feminino) sexy e até segura. Quase todo mundo queria ter um tipo de ligação com Michael Jackson (e aqueles que não queriam tinham medo de dizer isso abertamente). Sua personalidade e a adoração que provocava eram comoventes. Mesmo quando sua imagem começou a ruir, ficando deformada e perturbadora, isso também foi maior do que a vida.Jackson apareceu como um pré-adolescente em 1969, um cantor de uma banda familiar, o Jackson 5. Ele se tornaria uma lenda da Motown e interpretava músicas como "I Want You Back" e "I’ll Be There" com uma emoção que camuflava as dificuldades da infância. Já naquela época, seus movimentos de dança, no estilo James Brown e Jackie Wilson, eram bonitos e sua presença superava os veteranos.Então, ele conheceu Quincy Jones e seu horizonte musical mudou. Com o legendário produtor, Jackson produziu "Off the Wall", o que para muitos artistas seria seu álbum definitivo.Ele era um jovem de 21 anos que falava com voz sussurrante e continuava a viver na casa dos pais. Jackson havia feito sua primeira e pouco anunciada cirurgia plástica no nariz e se dizia virgem. Numa indústria conhecida pelo hedonismo (cultura do prazer), certamente era uma figura estranha. Começou a mudar durante "Thriller", o álbum que se tornaria seu maior sucesso e o definidor de sua carreira.Também produzido por Jones, mostrava ainda mais o talento de compositor do cantor. O disco vendeu mais de 50 milhões de cópias e tornou-se o mais vendido do mundo, conquistou sete top 10 da Billboard, incluindo duas primeiras colocações para as músicas "Billie Jean" e "Beat It".Mas, à medid que a fama de Jackson crescia, suas excentricidades também ficavam maiores. Embora tenha vendido bastante o álbum "History", de 1995 e ainda fosse uma estrela, sua imagem havia sofrido com as acusações e ele nunca se recuperaria.Uma acusação criminal de assédio de um menino em 2004, que resultou em sua declaração de inocência em 2005, diminuiu a capacidade de Michael no mercado. Um retorno parecia improvável. Sua reputação foi considerada irreparavelmente prejudicada, sua imagem ridicularizada e seu nome virou uma piada.Mas, quando ele anunciou que faria apresentações em Londres (Inglaterra), na O2 Arena, não só os ingressos se esgotaram imediatamente, mas a demanda foi tão insaciável que ele assinou contratos para realização de mais 50 shows. Jackson deveria iniciar uma turnê mundial depois do final da série de shows que terminaria em março.Claro, não haverá retorno agora, nenhuma nova música, nem show ou retorno do Jackson 5. Mas o legado que ele deixa é tão rico, que nenhum escândalo pode destruir

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